OS JOGOS OLÍMPICOS
na Grécia Antiga

Modalidades atléticas

Corrida a pé (drómos)

Os gregos praticavam as seguintes modalidades de corrida a pé:

Os corredores eram distribuídos por categorias de acordo com a idade. A corrida de fundo e a hoplitodromia só eram disputadas por homens adultos. Os atletas disputavam as provas de corrida (com exceção da hoplitodromia) inteiramente nus, com o corpo untado de óleo. O treinamento era realizado nos estádios dos ginásios. Para melhorar o desempenho, eram orientados a correr em terreno recoberto de areia ou, então, a correr com as pernas fletidas para o fortalecimento dos músculos. As imagens conservadas nos vasos mostram que a postura dos atletas diferia, conforme se tratasse de corrida de velocidade ou de corrida de fundo. Os corredores de velocidade mantinham o tronco reto e imprimiam aos braços alongados um balanceio, para acelerar o passo. Já os corredores fundistas mantinham os braços dobrados, junto ao corpo, e inclinavam levemente o tronco para a frente.

Nas provas, os competidores se alinhavam em série de 5 ou 6 no máximo. Aguardavam em pé o sinal de largada, com o dorso projetado para a frente e os pés bem juntos um do outro. Se houvesse um grande número de corredores, eles eram distribuídos em séries, por sorteio, e os vencedores de cada uma das séries competiam, a seguir, entre si.

Lançamento de disco (dískos) e de dardo (ákon)

É uma modalidade muito antiga, documentada em relatos míticos. Nas competições, o peso do disco variava conforme a categoria, cujos critérios de classificação eram a força e o peso dos atletas. Os discos, inicialmente de pedra e depois de metal, eram redondos, chatos e bem polidos. Pesavam em média 5 quilos e tinham 21 cm de diâmetro. Para torná-los mais aderentes às mãos, era permitido gravar neles círculos ou figuras. O lançamento era feito de um ponto determinado e o local onde o disco caía era marcado com uma estaca, para confrontar-se os diferentes resultados. Vencia a competição quem lançasse mais longe. Há um recorde registrado de 29,28 m de distância.

 o discóbolo o discóbolo O dardo, arma corrente na caça e na guerra, media aproximadamente 1,70 m e era da grossura de um dedo, mas o usado nas práticas esportivas e nas competições não tinha ponta, a fim de evitar-se acidentes. Além disso, o dardo possuía um lastro na extremidade e, no seu centro de gravidade, um propulsor em forma de cordão de couro de aproximadamente quarenta centímetros. Esse cordão era enrolado ao longo do cabo e terminava por um anel, no qual o atleta introduzia o dedo indicador. Ao ser ativado, o propulsor imprimia ao dardo um movimento de rotação, potencializando seu alcance. Algumas pinturas de vasos sugerem também que o dardo podia ser usado numa prática de “tiro ao alvo”: traçava-se um círculo, à distância desejada, devendo o atleta fazer o dardo cair dentro dele.

Luta (pále) e pugilato (pýgme)

Na luta, o atleta visava a levar o adversário a tocar os dois ombros no chão. Era proibido dar pontapés e socos, devendo os lutadores atuar com as mãos abertas. As pinturas dos vasos nos ensinam que combate se desenvolvia em duas fases: primeiro, luta-se em pé, fazendo-se uso de táticas, como pegadas nos punhos ou nas pernas e braços, com a finalidade de derrubar o adversário; a seguir, lutava-se no chão, buscando-se fazer o corpo do adversário ou seus ombros encontrarem o chão. A adequação dos movimentos às regras era fiscalizada por árbitros, representados nos vasos com bastões. Dos praticantes dessa modalidade exigia-se bom fôlego, vigor físico e peso. Os atletas faziam um regime de super-alimentação. Como exercícios de treinamento, carregavam fardos, torciam ferro, puxavam arado e domavam bezerros, para aumentar a musculatura. Para o fôlego, apostavam corridas com cavalos.

No atletismo, a luta era considerada um dos exercícios mais perfeitos para o desenvolvimento do corpo do atleta. O lutador mais famoso foi Milos de Crotona, que venceu 6 vezes em Delfos e 6 vezes em Olímpia.

 jovens boxeadores jovens boxeadores O pugilato, contemplado em todos os jogos, é muito antigo, encontrando-se representado na arte cretense e na Ilíada. É considerada criação de Teseu, o herói ateniense que matou o Minotauro, na ilha de Creta. A luta era com golpes de punho, muito parecido com o boxe: os competidores protegiam as mãos com faixas de pele de boi, de mais ou menos 2 metros, enroladas nas mãos o mais apertado possível e presas nos pulsos por um sistema de correias. Essa faixa, chamada “cesto”, era às vezes reforçada com bolas de metal ou pregos, o que a tornava mais parecida com o soco inglês do que com as nossas luvas de boxe.

O treinamento era semelhante ao atual. Os atletas golpeavam um odre (saco feito de pele de boi) inflado. Exercitavam-se também em movimentos de ataque e defesa e, nas representações, aparecem sempre nas pontas dos pés, o que nos faz pensar que saltitavam durante os movimentos da luta. O corpo a corpo era proibido. Nenhum golpe podia ser desferido com a intenção de matar. A luta se desenrolava em várias lances e terminava quando um dos competidores já não tinha mais condições físicas ou quando, levantando o braço, dava-se por vencido.

Outras modalidades

Na prova de salto em extensão (pédema), os atletas, para conseguir impulso, usavam halteres, peças de ferro ou de chumbo, cujo peso variava de 1 a 5 quilos, de forma hemisférica com encaixe para as mãos ou, como os halteres modernos, compostos de duas peças esféricas unidas por uma barra curva. Há registros de saltos de 17 metros de extensão; tratava-se, sem dúvida, de saltos múltiplos. Fora dos concursos, os gregos praticavam saltos com auxílio de varas e também de trampolins.

 pentatlo pentatlo No pentatlo (péntatlhon) o atleta disputava 5 modalidades: salto, lançamento de dardo, de disco, corrida e luta (às vezes salto e disco são substituídos por pugilato e pancrácio). Quanto à classificação, os concorrentes eram eliminados progressivamente. Só participavam da luta final os dois concorrentes que tivessem apresentado o melhor desempenho nas provas anteriores.

A corrida de carros era o mais importante concurso equestre e também o mais aristocrático: só os muito abastados é que tinham recursos para custear a manutenção de carros e a criação dos cavalos. Diferia pela quantidade de cavalos atrelados: dois ou quatro (bigas e quadrigas). Além de bons equipamentos, o atleta precisava ter destreza para conduzir carros em terrenos irregulares, sobretudo para realizar a conversão nas curvas sem sofrer acidentes. Com o tempo melhoraram-se os terrenos, aplainando-os, o que tornou mais rápidas as provas e, conseqüentemente, mais técnicas.

O hipismo era menos prestigiado que as corridas de carro. Nas Olimpíadas essa modalidade só aparece após a 33ª, em 648 a.C. As provas visavam testar a capacidade do cavaleiro: devia manejar a lança montando o cavalo ou montar sem estribos ou então carregando uma tocha. Levavam em conta, também, a idade do cavalo: cavalos de três anos e cavalos mais velhos.