Um estudo revolucionário da Universidade de Oxford conseguiu reconstruir com precisão a música da Grécia Antiga, revelando pela primeira vez em milênios como soavam verdadeiramente as composições gregas, com sua afinação e entonação originais.
A Descoberta
Os pesquisadores analisaram:
Notação musical em papiros do século III a.C.
Descrições de teóricos como Aristóxeno (século IV a.C.)
Instrumentos preservados (aulos, lira, kithara)
Afinações matemáticas pitagóricas
Reconstrução do "Epitáfio de Seikilos" (canção completa mais antiga que sobreviveu)
Características da Música Grega Antiga
1. Sistema de Afinação
Diferente da escala ocidental moderna:
Baseado em tetracordes (grupos de 4 notas)
3 gêneros: diatônico, cromático e enharmônico
Intervalos de quarto de tom (microtonalidade)
Exemplo de notação grega antiga (Orestes de Eurípides):
Z E Z
Ὀρέστα φόνον φονίας
(Orestes, assassino de sua mãe)
2. Instrumentos Reconstruídos
Principais instrumentos recriados:
Aulos - Instrumento de sopro duplo (som penetrante)
Lira - 7 cordas, associada a Apolo
Kithara - Versão profissional da lira
Hydraulis - Órgão primitivo a água
Revelações Surpreendentes
A música grega soava estranha aos ouvidos modernos devido aos microtons
As peças tinham complexidade rítmica incomum (padrões 5/8, 7/8)
A afinação variava conforme o ethos (caráter emocional desejado)
As melodias seguiam padrões de fala (relação íntima com a poesia)
Esta reconstrução sem precedentes permite finalmente "ouvir a Antiguidade", revelando que os gregos desenvolveram um sistema musical sofisticado que influenciaria toda a tradição ocidental, mas que diferia radicalmente em sonoridade.
Os pesquisadores agora trabalham na reconstrução de peças mais complexas, incluindo possíveis trechos da música perdida de tragédias gregas.